sexta-feira, 17 de julho de 2009

A procissão



O cêu as vezes me parece diferente...
Com tonações de um laranja acinzentado...
Outrora com variações de violeta com bordado estrelado...
Não importa com quantas nuvens ele ousa ameaçar...
Sei no fundo que muito esta diferente...
A solidão parece se tornar um fardo...uma companheira de bar...
Pior que és a solidão do acompanhado...o desespero do que estas salvo...
Vontade de roubar de todos mais ar e levar aos pulmões...
Transpassar pelas vibrações vocais e assim por fim gritar...
O que sinceramente irei proclamar ainda não parei para pensar...
De repente me jogaram o peso do mundo nas costas e me mandaram caminhar...
O mundo que carrego é um tanto diferente...é um pequeno triângulo quadrado...
Nele a familia só faz sofrer...só faz bater...só faz chorar...sem novidades...
Relacionamentos são poucos e o utero não te compreende como deveria...
Aliás, todos deveriam compreender pois assim desejamos...
Caminhos antigos...passadas com sangue...passeatas de garrafas vazias...
Vejo em uma placa "felicidade logo atrás" mas mesmo assim prossigo...
Respiro um ar rarefeito e pesado de oxigênio amargurado e contaminado...
Inalo pessoas sem sentido e seres sem bondade ou esperança...
Tento me embreagar mais um pouco para gesticular novas idéias...
Logo sei que acenderei mais um...pois não tenho combustivel...para mover...
Combustivel podre porém tão raro quanto meia hora entre pernas desnudas...
Passo quase a cair e percebo então que estou nu e assim espero chibatadas...
Elas chegam mais não sangram...chega até a doer mas não ferem...
O rapaz do assoite é o que recebe...o rapaz do assoite é o que se deve ser...
Olho mais uma vez para os vários cêus procuro tonações de vida...
Mas parece que velhos fetiches já perderam o gosto...tudo combustão...
Fico abismado como o caminho pode ser curto...
Como pode ser abrupdamente interrompido sem perguntas ou destino...
O silêncio pode até ser agradável mas desde quando a tristeza pode agradar?
Novamente me deparo com a amiga solidão e poucos que zelam por mim...
Nessa hora vejo mais pessoas que deveria...me sinto mal por detestar a maioria...
Todos outros correm atrás de combustível...querem se dar bem no final...
Eu já não espero mais nada...
Nada pode ser tudo...tudo pode ser...nada pode ter...
A vontade de gritar volta novamente mas ainda penso na palavra certa...
Quando caio conto nos dedos aqueles que me levantam...apunhalo um ou outro...
Ou será que ainda hei de apunhalar?
O tempo passou tão rapido...tanta escassez...que ele nem faz mais sentido...
Já não consigo pensar no que faria se fossem dias anteriores...
Vejo aqueles poucos que seguem o caminho por mim...alguns na penumbra...
Mas ainda estão ali...mesmo sem vontade...mesmo ignorados...mesmo assim...
MInha vontade reprimida faz as montanhas se destroçarem...faz tudo...faz nada...
As injustiças estão para todos mas é dificil de entender...
O caminho termina em diversos novos caminhos...entro em conflito...
Porque ter que decidir tudo agora...nessa época maldita...época fria?
Me lembro de sorrir e por um capricho quase me esqueço de respirar...
Lembro de sonhos...penso nas concretizações...enfim chegou a hora de tudo...
Mas o que seria a hora se não há tempo...se felicidade ficará atrás?
Sento pois não sei decidir...odeio decisão...odeio optar...todos apenas olham...
Creio que se perguntam aonde vou parar...o que decidirei...
Ali continuo sentando...reparando bem na dor...mesmo que imaginária...
Tantas coisas deixadas para trás...queria voltar... recolher garrafas e lembranças...
Porque tanto medo do desconhecido que esta pela frente o tolo homem?
Seria falta de apoio...falta de preparação...simplesmente a falta...
Continuo sentado por uma pequena eternidade...mas um dia hei de levantar...
A procissão me aguarda,os carros alegôricos da tristeza já vão me alcançar...
Mas no fim podemos entrar em um caminho do bloco de alegrias e esperanças...

Riccelli Adriel - 07/2007

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