quarta-feira, 23 de maio de 2012

NO BERRO - Espontâneo é mais bonito.

A cena “underground” de hoje não é mais a mesma seria a declaração mais clichê e pontual para começarmos esta coluna que vós escrevo neste novo blog (Do Junin) e também para a volta do Snarf Mídia, chegarão então os eremitas de antemão e os protecionistas da nova vanguarda gerar o caos e incitar a discussão sem fim sobre novos tempos, falta de espaço, se esta mais fácil ou mais difícil e ainda mais, vão colocar a merda da culpa em cima de alguém, seja a mídia, os organizadores, as casas de evento, os selos, as produtoras, os políticos, as mães e o Brasil baranil do cacete à quatro!

 A grande realidade é que esses novos artistas chegando por ai, as tais novas bandas surgindo a cada dia na mesma medida como nascem mais fãs do Restart, estão seguindo uma nova forma de peregrinação e até mesmo maneira de encarar o ato de “fazer um rock” em si, tem muita molecada afim de tirar uma grana, muita rapaziada preocupada mais com a repercussão de seu estrelato musical do que com a arte em si, digo isso também de muita gente da antiga, que já barbudo e estarrecido passou a mendigar por público de maneira feia e abusada, caindo nessa do sistema abusivo que hoje não se trata mais de grandes cotas de ingressos a serem vendidos ou pagar alguém para desenvolver um “myspace” bacaninha, hoje a banda se queima lotando sua caixa de emails de spams de maneira desesperada pedindo voto para concurso daqui e dacolá, lembrando você a cada hora do dia que é hora de escutar (novamente!) o seu novo single de sucesso, ou até mesmo entrando em horas de discussão contigo de o porque faltar no aniversário de sua vó de 80 anos para colar em mais uma apresentação espetacular em algum rock bar xinfrim.

 Nesta altura do campeonato, caro leitor, você pode estar um pouco indignado com tudo o que eu coloquei em questão acima, porém chegarei exatamente no ponto que comprova a tal decadência e não apenas a velha rotina de todo rockista que tem banda na luta de conquistar seu sonho em prol da arte e de um mundo melhor, ou ao menos mais “hardecori”…

 Não estou aqui para falar que é errado utilizar das novas mídias sociais ou ferramentas tecnológicas de comunicação para divulgação, mas a pegada esta ficando cada vez mais artificial e incisiva, antes mesmo de você acompanhar pela sua “linha do tempo” do Facebook o lançamento de uma single e até mesmo já ler a notícia sobre um concurso aonde alguma banda da sua região que correu contigo participa e precisa de votos, lá esta ela toda pirilampa lhe pedindo para votar, ouvir, digerir, escutar, analisar e até mesmo se masturbar em prol de seu reconhecimento…

 Divulgação sempre existiu, no meu tempo por fotolog, email, icq, flyer presse e olhe lá, mas para você conhecer e curtir o trampo, era necessário bem mais que um simples click, você tinha que colar em um bar e curtir ali na cara do palco o som dos caras, em seguida do show cumprimentar os rockistas e trocar enfim páginas do “Tramavirtual” em busca de mais informações, o contato e a interação rolavam de maneira mais natural, as bandas se conheciam além da internet, que por mais que seja um veículo facilitador acaba hoje podando uma pá de gente talentosa de chegar no seu merecido lugar e coloca por fim devido a essas novas interações, um bando de zé trolha do rock em uma posição “confortável” porque o Zé da banda Badalhufas que toca na 89 ( a de mentira!) “curtiu” o vídeo dos caras que esta nas redes ! Vamos crescer folks !!

 O rock foi feito para ser suado, para dar sangue e principalmente para se expressar e se divertir com a música, desde que uma tchurminha que tocava nos principais picos “underground” passou a ascender na cadeia alimentar musical sem esforço, abriu-se uma porta que jamais seria imaginada para quem décadas atrás tinha uma banda de garagem e mandava suas demos para os bares e rádios locais, porém essa passagem ficou sem filtro e qualquer garoto de leite com pêra que levasse uma cambada para os shows, tivesse mil seguidores nas redes sociais e centenas de clicks em seu som, estava pronta para trilhar uma caminhada de sucesso e em breve estrear no Top 10 da MTV (Dá para acreditar?) O sistema em si ficou falho já faz tempo, porém a grande questão é, até quando as bandas irão se imbecilizar e seguir essas regras!?

 Até quando mendigar horas na internet em busca de um click, sendo que por muitas vezes o cara sequer ouviu seu som ou conhece seu trabalho, mas fez volume na sua votação!?

 Antes de dizer que o Brasil não dá valor a cultura e a arte (o que por parte é verdade e culpa da sociedade também.) é preciso se auto-valorizar, saber a importância do seu trabalho, do seu som, para ser trocado por um sistema numérico ao invéz de uma opinião sincera de um amigo, ou por muitas vezes mais sincera ainda de alguem apresentado gentilmente ao seu trampo e interessado de verdade em conhecer sem insistências via Inbox, email, twitter e por ai vai!

 A gente pode perder ai uma grande oportunidade de sermos verdadeiros conosco e ter 100 pessoas que existem na realidade e curtam o nosso som, ao invés de 2000 que sequer sabem como começa o acorde da sua single de trabalho ou o gênero de vosso som.

 A gente precisa ver.

 Se é espontâneo fica mais bonito!

 Fica ai a dica a quem interessar e o toque doa a quem doer.


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