terça-feira, 17 de maio de 2016

Resenha "Des-construção cósmica" NUIT - 2016


Desde 2014, conheci essa banda, original de Mauá, tive o imensurável prazer de dividir palcos com esse verdadeiro "espetáculo" do que existe atrás das cortinas da vida, refletido em distorção, guitarras de sete cordas, guturais e muito "groove" de influências de Nu Metal, liderada pelo mestre "Kaio Felipe Cabrera", a NUIT retorna com uma formação DUO neste novo álbum que dá segmento á EP de 2014 "Mysterium Coniunctionis"



Como todas as bandas, o relacionamento, o tempo, a vontade e tudo que envolve nossas vidas e esse trabalho de arte, reflete em sua formação e membros, hoje a NUIT segue com os vocais e cordas do Kaio e a criação de baterias do Eleonardo de Souza, o novo álbum teve produção, contribuição nas composições ainda de um "membro oculto" Guilherme Yukio que fez o ciclo deste longo trabalho dar á luz, através de coragem, determinação e liderança do "novo alquimista" Cabrera.



Falando deste novo álbum, o que percebemos é a grande transição de estilo sonoro estabelecida nas novas músicas, a linha do NUIT deixa o tradicional "Nu Metal" e se aproxima extremamente ao "METAL INDUSTRIAL", grandes passagens lembram claramente bandas como "Fear Factory", "Type O Negative" e ainda raríssimos "Industrial Progressivo" como "ISIS", a evolução do timbre das guiatarras, assim como as linhas de vocais dentro do som são realmente incríveis, a bateria com um tom "digital" cabe bem no estilo e não prejudica em nada o material ( Apesar de ser confesso fã das linhas analógicas), em algumas músicas o bumbo é explorado perfeitamente para dar o "tom" de "CAOS" que o trabalho pede.

ÁLBUM COMPLETO - https://soundcloud.com/nuitunderground/sets/desconstrucaocosmica

O álbum abre com "I.A.O." que fala sobre a força e o real significado das palavras que estão no nosso cotidiano, seguido diretamente pela "COSMOGONIA" que abre com classe a nova cara do NUIT, iniciando em si á "desconstrução" imposta pela obra aos ouvidos de quem se permite escutar, é o anúncio a liberação de energia "caótica" que ele trará, destaque para o refrão forte e evocador "Caos espera por você, por você, sem mais paz", a segunda faixa L.V.X. N.O.X. P.A.X.  é um convite a "iniciação", ao "despertar oculto", remete aos deuses egípcios e suas contrapartes.



Voltando á falar de contrapartes e o caminho do próximo, em O OUTRO DE DEUS NO DESERTO temos uma faixa com nuances da "antiga" NUIT, as pausas de calma seguidas apenas com voz e guitarra soando, carregam  bastante influência do que lembra DEFTONES, detalhe para a marcante frase "É somente nesse deserto, que eu falo comigo, assim como Cristo falou com si mesmo nos olhos de seu Inimigo."  Passagem marcante da bíblia baseada creio eu em Jeremias 33:6.



Destaque também para as faixas "CRONOS" que fala sobre o tempo perdido que deixamos de aproveitar e se esvai, como o grande titã que um dia já existiu, assim como também para a sua ultima faixa "Alternativa ao Eu" aonde se encerra a construção e se indaga O QUE É O AMOR? para vários exemplares de seres humanos diferentes, grande parabéns mais uma vez ao mestre Kaio, que traz a opinião de seus alunos, amigos, colegas, pensadores e gente comum para fechar com chave de ouro esse rito.



"Des-construção Cósmica" assim como NUIT( Deusa da noite e do infinito), não é somente um álbum pesado, repleto de berros, repleto de guitarras raivosas soando, sem presença de baixos ou graves, entre samplers de efeito, entre filosofia repleta, letras consideradas por muitos "difíceis", com fundamentos religiosos e ocultos, essa obra faz parte de um despertar, de uma série de músicos e bandas que estão VIVOS para falar de coisas importantes, para fazer coisas importantes e que não DESISTEM, apesar das mudanças impostas pelas vidas ou suas fileiras.


NUIT - Antiga formação (2014)


Que o trabalho continue !

AIN PAX


terça-feira, 3 de maio de 2016

Resenha "FIM" Huaska - 2016




Huaska é uma daquelas grandes bandas que existem fazendo algo realmente inusitado e diferente na cena independente de rock do Brasil e sem grandes holofotes !

Conheci os caras á praticamente 13 anos atrás, quando organizava e movimentava a cena "underground" das bandas de "New Metal" que trilhavam a "difícil" trajetória das composições próprias, enquanto selecionava bandas para o saudoso "Lamuria Festival" no BLACK JACK ROCK BAR me foi passado a primeira "EP" dos caras, chamada "MIMOSA HOSTILIS", logo fiquei impressionado com a levada e o quanto eles soavam diferentes com uma alma brasileira, mas totalmente diferente do que vi em SEPULTURA, infelizmente parei de organizar eventos e nunca consegui viabilizar um show com a rapaziada.



Anos depois, me encantei com o album "Bossa Nenhuma" que mostrou realmente a evolução deles como músicos e o quanto eles conseguiram chegar em um "estilo próprio", mistura de cavaco, músicalidade brasileira, bossa nova, cancões tristes, desabafos de amor, com muita distorção e influência nítida em bandas de "New Metal" da gringa.

Longo tempo sem contato com o trabalho deles, foi a grata surpresa em 2012 com o lançamento do álbum "Samba de Preto" (HINO DA DESCIDA DE SERRA PARA PARATY COM MINHA PATROA, FÃ CONFESSA DESTE ALBUM), que aqui sim homenageia o velho samba de roda, novamente a bossa nova, futebol de varzea, boêmia, Adoniram, São Paulo, Rio e é um verdadeiro reflexo da nossa música, uma obra sem defeito algum e um dos meus CDs prediletos !


Para se ter ideia da magnitude deste trabalho, a faixa que da nome ao álbum, teve nada mais, nada menos que a participação da "Elza Soares" na gravação e no clipe lançado !



E eis que após mais uma grande espera, pego o novo álbum deles recém-lançado chamado "FIM" !

A obra parece que traz de volta um pouco do peso e distorção existente no início da banda, a música "PODE" tem um timbre e uma pancada que abre perfeitamente a obra "caótica" e "inquietante" que prossegue no album, que parece te levar em uma viagem que vai finalizando em calma e emanando sentimento do começo ao fim.

Em "Euvocê" a melancolia e ódio soa em cada trecho da música, você literalmente sofre como se fosse o protagonista deste "choro".

Destaque também para a faixa "Reconhecer" que parece que lembra á todo SER o quanto "VER O MAR" é importante em meio á rotina, como uma poesia confessa em paixão pela praia e o litoral, por mais que a música não diga isso.

Mais um grande momento é "Canto de Ossanha", de Vinicius de Moraes, já interpretada por grandes nomes como "Toquinho" assim como a majestrosa versão de "Elis Regina", o HUASKA sem dúvida deixa sua marca trazendo sua LINDA versão para esse clássico.

Huaska FIM é mais um grande trabalho, com uma mixagem e masterização incrível, termina com a música que dá nome ao álbum, possui letras simples, cantos de grande beleza, instrumental fantástico e o talento imensurável destes caras que fazem bonito pelo "Rock" nacional, saindo daqui de Sampa para o mundão !

Ouça sem pudor e sem PRECONCEITO, afinal, música existe para ser mistura de ritmos, tribos, sons, pessoas, culturas e raízes !