Posso dizer tranquilamente que "The Smashing Pumpkins" é uma das minhas bandas prediletas e de maior respeito, fui arrebatado nos anos 90 por diversas de suas singles e pude curtir na virada do século muitas das minhas fossas embaladas com seus clássicos como
"Disarm" e
"Mayonaise", alíás se tem uma música que possa simbolizar boa parte da minha transição da infância para o começo da pré-aborrecência este som sem dúvidas é
"1979".
E me diz quem ainda não se revoltou ou quebrou alguma coisa ao som de
"Bullet With a Buterfly Wings"
Um dos meus trabalhos musicais no qual mais me dediquei recebeu o nome de
"Avadore" por diversos motivos, inclusive carregar uma certa referência aos Pumpkins do
Billy Corgan, sim, falo desta forma apesar de admirar também imensuravelmente
James Iha,
D'arcy e
Chamberlin, mas a grande verdade é que essa banda sempre foi em toda essência praticamente um homem só.
Logico que outros músicos dão sim o tempero e o caldo ao som, mas o que digo e afirmo de maneira absoluta após conferir o "Oceania" na integra é que apesar da saída do baterista Jimmy Chamberlin, o som que sempre conhecemos ainda esta ali, logicamente com uma roupagem dependendo do estado de espírito de Corgan, como foi a fase "gótica" de
"Adore", a feliz do projeto paralelo dos Pumpkins
"Zwan" ou até mesmo a de revolucionário a la
American Idiot de
"Zeitgeist" e o que encontramos nesse novo album é o que nós parece um estado de paz e tranquilidade, devemos bater sim palmas pois diferentes de muitos o líder dessa banda não desistiu e continuou sozinho o sonho que ainda acreditava.
Oceania não é tão espetacular quanto o seu predecessor Zeitgeist que marcou a volta da banda, inclusive nas paradas da Billboard após um hiato de mais de 8 anos sem novidades, o disco tem suas qualidades e passa uma mensagem totalmente diferente, é para ser curtido na calma, talvez não procurando exatamente ouvir uma "banda de rock" e não que isso seja uma crítica, é para quem procura "The Smaghing Pumpkins" e vai se surpreender ao acabar encontrando! A voz, as guitarras e as composições de Billy Corgan estão lá, um baixo delicado e competente da
Nicole Fiorentino que substituiu a baixista
Ginger do ultimo álbum e também já conseguimos identificar as guitarras características de
Jeff Schroeder que enfim parece tomar seu lugar como guitarra da banda neste album e não só uma sombra de James Iha, vale ressaltar também a bateria de
Myke Byrne que não impressiona e também não decepciona.
A faixa de abertura
"Quasar" assusta e faz a gente se questionar se é mesmo o cd do
SP, porém a coisa melhora na segunda
"Panopticon" e você encontra o Pumpkins enfim no terceiro som
"The Celestial" uma balada acústica/elétrica que Billy Corgan canta com emoção e mais uma vez perdemos um pouco do que conhecemos nas faixas decorrentes, substituídas por canções um tanto apáticas, mas que transmitem exatamente a sensação de tranquilidade que já relatei acima, em
"Oceania" música que dá titulo ao album, o trabalho começa a se tornar mais chamativo novamente e enfim temos mais um pouco do que já reconhecemos de longa data, até as imitações de backing vocals da D'arcy estão presentes acompanhando a melodia, talvez esta a faixa menos "desplugada" até então e que me recordou um pouco
"United States" do disco anterior em seu fim.
Aliás,fica muito difícil resenhar este trabalho dos caras sem comparar ao disco anterior, afinal foi o marco de "retorno" da banda sem membros originais e ambos são absolutamente diferentes em teor de peso e proposta, após a faixa 9, o disco parece mudar de rumo e tomar outra vertente, é como se banda finalmente tivesse plugado as guitarras no amplificador, mais elétricas, animadas e com a cara da banda em boa fase,
"The Chimera" ( Minha favorita do bolachão) ,
"Glissandra" ,
"Inkless" vão muito bem e abrem espaço para o som que fecha a obra
"Wildflower" tradicional psicodelía repetitiva na voz de Corgan que casa muito bem com o clima do álbum se encerrando em fade out.
Como conclusões gerais,
Oceania é um álbum para ouvir em um dia frio pra quem caça material inédito da banda, é de longe o seu melhor, nem supera seu anterior, porém não deixa de ser um trabalho bom, que começa devagar e vai melhorando de acordo com a sua degustação, acredite, na segunda audição se torna muito agradável e causa o efeito de querer ouvir mais uma e mais uma vez !
O disco faz parte de um trabalho maior chamado
"Teargarden by Kaleidyscope" uma coletânea de 44 músicas lançadas direto pela internet, porém Oceania tomou corpo e ganhou versão física como album!
Vida longa ao Corgan e sua persistência, a única abóbora que não se permitiu ser estraçalhada, a gente ainda fica na fé de mais uma reunião, apesar de saber que seria "impossível", então que prospere os novos "Punpkins"...
Ouça aqui - Oceania na integra !